É com grande preocupação que a Subsede da
APEOESP de São Bernardo do Campo, tomou conhecimento pelo jornal acima citado
da suposta denúncia contra a conduta profissional adotada pela professora
Roseli Tadeu Tavares de Santana da Escola Estadual Antonio Caputo, que estaria
supostamente fazendo pregação religiosa ao invés de ministrar os conteúdos do
seu plano de ensino. Segundo o Jornal como “resultado da pregação religiosa um
aluno da 2ª série do Ensino Médio estaria sofrendo bulling e intolerância
religiosa, já que seu pai é sacerdote de cultos afros”.
Em primeiro lugar, queremos esclarecer que
nosso Sindicato tem um projeto não só de combate ao racismo e a qualquer tipo
de intolerância e discriminação; como também de resgate das raízes culturais e
da identidade africana, enriquecedora da cultura brasileira. Por outro lado,
temos um projeto de combate ao bulling, essa violência que tem fincado raízes
no interior das nossas escolas, causando danos irreparáveis a nossa juventude e
as famílias.
Estranhamos esta denúncia, pois a Escola
Antonio Caputo é uma das principais referências no trabalho de resgate da
cultura afro-brasileira, sintonizada com o que determina a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional no seu Art.
26-A: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e
privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e
indígena”. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). Realizando
no mês de novembro simpósios palestras, exibições de filmes e apresentações culturais
com a referida temática. Estranhamos mais ainda o fato do Jornal publicar
apenas uma versão sem ouvir o outro lado.
Nesse sentido, fomos até a
escola e nos reunimos com a direção a referida professora, quando fomos
informados de que a professora está trabalhando o currículos oficial com as
apostilas enviadas pelo governo, cujo Caderno de História da 2ª Série do Ensino
Médio aborda a temática do Renascimento e das Reformas Religiosas, no qual são
transcritas diversas passagens bíblicas. Além disso, segundo a professora ela
está agora entrando no tema da relação entre diferentes culturas, no sentido de
contextualizar e levar os alunos a formarem seus pontos de vista sobre os temas
abordados.
Sugerimos que a escola
procure recompor a relação com a família e desenvolva debates com o corpo
docente e discente, com a comunidade e Conselho de Escola, no sentido de
politizar, esclarecer e desfazer esse grande mal entendido,
convertendo esse episódio em aprendizagem para todos. Colocamos o sindicato a
disposição para ajudar no que for possível e o nosso departamento jurídico a
disposição da Professora caso seja necessário.
De nossa parte, conscientes
de que a escola é por excelência o espaço do diálogo e do contraditório;
fatores que contribuem para o engrandecimento de todos os sujeitos envolvidos.
Esperamos aprender muito com esse episódio e que possamos superar os aspectos negativos
e os eventuais traumas provocados no referido jovem, para que consigamos
atingir a finalidade máxima do encontro da aprendizagem e do ensino que é o
pleno desenvolvimento cognitivo dos nossos estudantes.
28
de março de 2012
COORDENAÇÃO DA
APEOESP DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
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